O Encontro de Tocadores oferece esta oficina única onde poder contrastar os modos antigos de tocar o violino e a rabeca, instrumento que se está a tentar reabilitar e formou parte da música popular portuguesa até poucos anos e guarda muito parecido com o toque dos violinistas galegos coma Florencio, o cego dos Vilares, ou Eladio, o cego de Aldixe. A oficina contará com duas formadoras, María G. Blanco, mestra n’aCentral Folque e com Emiliana Silva, mestra no Conservatório de Aveiro e na escola d’Orfeu em Águeda. O workshop está enmarcado na programação geral do Encontro de Tocadores. Serão 10 horas de aprendizagem e descoberta. As inscrições são online aqui.
Contexto
O uso de cordofones de arco foi uma das práticas mais preponderantes na história da música. A sua utilização, tanto a nível popular como erudito, originou por todo o mundo uma enorme família de instrumentos e práticas musicais. Na Península Ibérica, os étimos árabes rabab e rabec originaram as várias designações destes instrumentos: rabel, rabil, rabeca, rabecão, entre outros. A rabeca chuleira é um cordofone popular português, estudado por comparação com o violino, devido às semelhanças físicas, mas com o braço curto, de afinação muito aguda e sonoridade agreste. Aparece associado à chula e às regiões do Minho e Douro.
Nesta oficina Emiliana Silva levará os participantes a conhecer e a experimentar o instrumento, revisitando o seu reportório de chulas, numa lógica de partilha da sua relação e descoberta com este instrumento, sempre povoada por histórias apaixonantes dos tocadores de rabeca e das chulas.
Por sua vez, Maria Blanco fará uma pequena mostra de violino tradicional galego, centrada na figura de Florencio López Fernández, coñecido como O Cego dos Vilares, un dos últimos cegos copleiros do século XX que percorreu Galicia e arredores por feiras e romerías.
Tentaremos acadar unha visión global deste músico baseándonos no seu repertorio e analizando algunhas das características máis peculiares do seu estilo interpretativo, recursos como a ornamentación, escalas, cadencias ou afinacións empregadas que lle confiren a súa música ese carácter arcaico e que a convirten nunha das xoias da música patrimonial galega.
María G.Blanco
Estuda violín dende os 7 anos no Conservatorio Profesional de Lalín coa mestra Inara Vecbastika, logo no Conservatorio Superior de Vigo e na Xove Orquestra Sinfónica de Galicia. No Conservatorio de Música Tradicional e Folque de Lalín coñece ao mestre Quim Farinha o que a achega a outras músicas e linguaxes. Como intérprete colabora con diferentes músicos galegos e segue a formarse en música moderna e novas técnicas para o instrumento. É mestra de educación musical e adícase á docencia da música dende o 2002. Actualmente imparte aulas de violino tradicional en aCentral Folque de Santiago de Compostela. Toca nos proxectos de Tischestein e Aramat e podes escoitar o seu violino nos discos de Xoan Curiel (Magnético Zen) ou Sérgio Tannus (no magnífico tema Beethoven tiña razão do disco Son brasilego). Actualmente en palco actúa regularmente co dúo “Blanco & Goás”.
Emiliana Silva
Possui formação clássica em violino, passando pelo Conservatório de Música de Aveiro, Escola Profissional de Música de Espinho e Universidade de Aveiro. Desde jovem integrou o grupo de música popular A Par D’Ilhós, participou em diversas rusgas e tocatas dos teatros populares do concelho de Estarreja e Murtosa, sendo profundamente influenciada pelos instrumentos e reportório da música tradicional. Mais tarde interessou-se também pela música irlandesa e pela sonoridade dos bailes folk.
Concluiu a dissertação “Rabeca Chuleira, etnografias, contextos e tocadores”, num processo apaixonante de aprendizagem deste instrumento e das suas histórias. Leciona violino e rabeca chuleira na escola de música tradicional da D’Orfeu e no Curso Livre de Música Tradicional do Conservatório de Música de Aveiro. Apresenta-se em concerto com o grupo “Quadrilha” de Sebastião Antunes e é membro fundador do Trio Espiral (dedicado à música celta) e do grupo Bailómondo (um grupo de baile folk, com grande enfoque nas danças portuguesas).